quarta-feira, 30 de junho de 2010

Geração que pede mais - parte I



Estudando sobre as gerações gostei muito do texto abaixo que fala um pouco sobre insatisfações dessa geração que pede mais! Aproveite...


"Certo dia, Júlia, uma jovem funcionária dessa geração com pouco mais de um ano de trabalho na empresa, abordou Luiz Carlos, diretor, pedindo para marcar um horário para uma conversa pessoal. Júlia antecipou dizendo que tinha algumas insatisfações e nenhuma queixa do seu gerente imediato, mas que uma conversa seria importante para compartilhar tais inquietudes.
 
Luiz Carlos era funcionário de carreira e já tinha mais de 20 anos de serviço naquela empresa. Na hierarquia organizacional, entre ele e Júlia, havia um gerente imediato que era um dos melhores de seu time. Luiz Carlos marcou a tal conversa para a semana seguinte e preparou o espírito.

A primeira ação tomada por Luiz Carlos foi conversar com o gerente. Descobriu que Júlia era um talento e uma das melhores profissionais do time, muito entusiasmada e super capacitada, sabia trabalhar em time e nunca havia demonstrado qualquer insatisfação no trabalho. O gerente vislumbrava uma excepcional carreira para Júlia na empresa. O único ponto de atenção era em relação ao seu salário, que poderia estar num patamar mais alto para uma funcionária de alta performance e potencial.

Luiz Carlos se preparou para a conversa, estava pronto para encarar uma conversa sobre salário, promoção, carreira e desenvolvimento. Tinha todos os dados dela, estava convencido de que não deveria deixá-la sair da empresa e até aceitaria buscar um aumento salarial ou uma aceleração de carreira para mantê-la na organização.

A conversa de Júlia com Luiz Carlos foi bem diferente do que ele esperava. Ela não falou sobre salário e carreira em nenhum momento. Aliás, falou sim, quando Luiz Carlos perguntou e ela disse que isso não a preocupava, apesar de comentar que achava o salário um pouco baixo. Júlia elogiou a empresa, falou bem do clima de camaradagem existente na diretoria de Luiz Carlos, elogiou o seu gerente imediato e disse
gostar muito do que faz. Ela disse que tudo estava bem, mas tinha uma coisa que a preocupava tremendamente: (                    )

-aguarde a parte 2. 
-você tem alguma idéia de que coisa era essa?
-opiniões!



domingo, 6 de junho de 2010

A redenção das sete artes: música





"Parece que a partitura da consciência artística dos cristãos, que estava em branco faz muito tempo -- sem nenhuma referência a Cage -- começa a ganhar alguns rabiscos, ainda que sejam pausas.

Debater sobre artes no meio cristão não é tarefa simples, nem mesmo para os melhores artistas, ou melhor, principalmente para eles. Sempre em tema dissonante, a música tem passado por um período de deserto na consciência cristã, especialmente com a dicotomia criada entre sagrado e secular.

Falar sobre a redenção da música cria em nossa imaginação as mais diversas impressões. Se falamos em redenção é porque entendemos que toda a natureza é caída e que, consequentemente, essa queda chegou ao mundo sonoro ou a nossa percepção do mesmo.

Porém, falar em redenção gera em nós a ilusão de que é possível chegar em algo que seja certo, um padrão. E, tratando-se de música, a ideia de que chegaríamos a um padrão estético referente e ideal. Alguns cristãos começam a levantar os braços com a possibilidade de serem os artistas cristãos que possuem a música ou o CD mais redimido. Isso pode gerar confusão, ou melhor, mais confusão. Mas isso não traria nenhuma novidade à mentalidade artística da igreja atual. Outros já começam a pensar nos morros do Rio de Janeiro ouvindo e tocando Bach diariamente, já que a música redimida seria aquela “mais pura”. E continuaremos dando ouvidos a nossa visão eurocêntrica ou estrangeira do mundo.

Começar a falar sobre redenção na música exige corações redimidos, que entendem que Cristo veio para nos dar vida, para fazer com que nós, sua criação humana, voltemos a viver hoje parte daquele projeto original que ele viu e disse que era “muito bom!”. Música, antes de tudo, tem a ver com a vida, com vivê-la e experimentá-la em toda a sua potencialidade. Música tem a ver com o ser ser humano.

A redenção deve começar, antes de tudo, em nossas mentes encarceradas, no revisar do nosso olhar sobre o mundo e sobre o homem, em nossos conceitos sobre adoração e sobre vida. Caso contrário, nossa música continuará abafando a voz do oprimido que escancara na arte sua condição de perdido ou passando a ideia arrogante de que apenas cristãos transpiram a soberana arte divina.

Isso faz-nos pensar em algo que é realmente relevante: uma música nasce com a combinação de muitos elementos e todos precisam trabalhar em prol do outro. Nesse processo, as pausas são fundamentais. Não chegaremos a lugar nenhum sem diálogo, respeito, crítica e diversidade.

Que nossas melodias, sobrepostas às de Schaeffer, Card, Tillich, se tornem agradável harmonia aos ouvidos do Senhor.

Que possamos desfrutar e produzir arte, celebrando a vida -- graça concedida a todos os homens."


• Guilherme Stutz, formado em musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes e pós-graduando em antropologia pela USC/Bauru, é missionário da Vila do Louvor (JOCUM).
Artigo original em:  http://www.ultimato.com.br/?pg=show_artigos&artigo=2658&secMestre=2644&sec=2676&num_edicao=324